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  3. 20 anos da colheita de cana crua: Controle biológico de Sphenophorus levis com Bouveriz WP

           Prestes a completar duas décadas da sua criação, a Lei estadual nº 11.241 de 2002 estabeleceu prazos para a eliminação gradativa da queima como método despalhador e facilitador do corte da cana-de-açúcar. Na colheita manual, a queima é essencial para facilitar a tarefa de corte, reduzindo o esforço físico e aumentando a quantidade de cana cortada. Entretanto, o uso do fogo apresenta impactos negativos tanto do ponto de vista agronômico quanto ambiental, o que levou ao decreto e promulgação da Lei nº 11.241 pelo governo do estado de São Paulo. De acordo com essa lei, áreas mecanizáveis, devem erradicar esse método pré-colheita até o ano vigente (2021), enquanto que em áreas não mecanizáveis o prazo é de até 2031 (NAVARRETE et al, 2021; CONAB, Acompanhamento da safra brasileira de cana-de-açúcar, safra 2021/22, segundo levantamento).

           Mesmo com a criação de leis direcionadas à erradicação do método pré-colheita de queima da palhada, discussões quanto aos efeitos ambientais negativos dessa prática, bem como os benefícios da preservação da palhada no sistema (Figura 1) e a modernização do setor sucroenergético, intensificaram a colheita da cana crua no Brasil (NAVARRETE et al, 2021). De acordo com o último levantamento da CONAB (Safra 2021/22, levantamento nº2 de agosto de 2021), praticamente toda a colheita na Região Centro-Sul é realizada sem queima prévia, chegando a 95,6% da área com o uso de máquinas, índice beneficiado pelo relevo favorável à mecanização. Em São Paulo, responsável por 51% da área colhida nacionalmente, o índice de colheita mecanizada evoluiu de 47,5% na safra 2008/09 para 94,8% na safra 2021/22.

Figura 1. Efeitos diretos e indiretos do sistema de colheita com cana queimada comparado ao sistema com cana crua nos fatores físicos e microbiológicos do solo. Fonte: NAVARRETE et al., 2021.

           A mudança do sistema de colheita de cana queimada para cana crua resultou na manutenção de uma cobertura vegetal no solo, chamada de palhada. Esse resíduo vegetal, cerca de 10 a 20 t-1 ha-1 ano-1 de massa seca, gera inúmeros benefícios edáficos (Figura 1), como melhorias nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, além de menor poluição do ar e emissão de gases para a atmosfera (ALVAREZ & ADÃO, 2021; NAVARRETE et al, 2021). Outros sistemas que também se beneficiaram com a ausência da queima foram as pragas, uma perspectiva desvantajosa para o produtor que tinha o auxílio da queimada no controle de insetos-pragas em vários estágios de desenvolvimento, resultando em prejuízos diretos (DINARDO-MIRANDA & FRACASSO, 2013; ALVAREZ & ADÃO, 2021; NAVARRETE et al, 2021).

           O acúmulo da palhada contribui para manutenção da umidade no solo e favorece o rápido desenvolvimento de populações de pragas, dentre elas a cigarrinha-das-raízes, Mahanarva fimbriolata (Hemiptera: Cercopidae), e o bicudo-da-cana, Sphenophorus levis (Coleoptera: Curculionidae) (Figura 2), servindo de abrigo para os adultos. Portanto, a remoção total ou parcial da palhada pode diminuir a população dessas pragas, mas não aos níveis de quando era realizado a queima (DINARDO-MIRANDA, 2000; DINARDO-MIRANDA & FRACASSO, 2013).


Figura 2. População de Sphenophorus levis e danos provocados pela praga em canavial colhido com cana crua e cana queimada. Fonte: DINARDO-MIRANDA & FRACASSO, 2013 (Adaptado).


Sphenophorus levis: altos prejuízos à cultura


           Restrito a região de Piracicaba-SP até a década de 1970, o S. levis já é um problema para vários produtores em quase todas as regiões do Estado de São Paulo, com relatos de canaviais severamente danificados, necessitando da destruição da soqueira (DINARDO-MIRANDA, 2005). De acordo com Casteliani et al. (2020) essa praga causa cerca de 1% de perda na cultura da cana-de-açúcar para cada 1% de tocos atacados, consequência das reduções de 0,318% no peso dos colmos e de 0,68% no número de brotos gerados pelo rizoma (Figura 3).



Figura 3. Efeitos no peso de colmos e no número de brotos de cana-de-açúcar em diferentes percentuais de danos do rizoma após injúrias causadas por Sphenophorus levis. Fonte: CASTELIANI et al., 2020 (Adaptado).


            A flutuação populacional das formas biológicas da praga S. levis está relacionada com os fatores climáticos, no qual a fase adulta ocorre em maior número nos meses mais quentes e úmidos do ano, enquanto que a fase larval e de pupa ocorre em maior número nos meses mais frios e secos (IZEPPI, 2015). Portanto, na época seca do ano é mais comum observar falhas na rebrota da soqueira e brotos amarelados, consequências das injúrias nas raízes e no interior do rizoma provocadas pela alimentação da larva (Figura 4), cujo ciclo pode durar até 35 dias. Dessa forma, a larva é a forma biológica que causa danos a cultura, podendo levar a morte das touceiras e até a destruição da soqueira sob infestações severas (DINARDO-MIRANDA, 2005; DEGASPARI et al., 1978).

             Os adultos, por sua vez, são encontrados, geralmente, abaixo do nível do solo e apresentam mobilidade lenta e hábito noturno, sobrevivendo em média 118 dias (aproximadamente 4 meses) (DEGASPARI et al., 1978). Diferente do macho, fêmeas se deslocam mais no campo para realizarem as posturas, até 70 ovos por fêmea, que são efetuadas na parte interna dos colmos.

             Figura 4. Larvas de S. levis no interior de rizomas de cana-de-açúcar provocando danos em touceiras. Fonte: Equipe Biocontrol.

        

               O aporte de matéria orgânica e a maior umidade do solo, proporcionados pela preservação da palhada, também trouxeram grandes benefícios para comunidades microbianas. Micro e macrorganismos envolvidos em processos biogeoquímicos e inimigos naturais de pragas e doenças de solo elevam ainda a mais a importância da utilização de agentes biológicos de controle como mais uma estratégia no manejo integrado de Sphenophrus.


Controle biológico aliado no controle do Sphenophorus levis


             Levando em consideração o hábito de vida dessa praga o uso do controle biológico no manejo integrado é uma estratégia relevante para a interrupção do ciclo da praga.

             O controle satisfatório do bicudo-da-cana envolve o conjunto de várias ações, dentre elas a sanidade do viveiro é a primeira estratégia de barreira para evitar a dispersão da praga no canavial (DINARDO-MIRANDA, 2005). Além disso, o produtor deve efetuar o monitoramento para detecção de populações de Sphenophorus e estimativa de danos, iniciando o tratamento assim que constatada a presença de adultos da praga na área.

O controle biológico é cada vez mais utilizado nas lavouras brasileiras. Para o controle do S. levis o manejo é feito através do fungo entomopatogênico Beauveria bassiana, compatível com vários inseticidas químicos, que age sobre várias fases da praga e pode ser aplicado com os mesmos equipamentos utilizados para aplicação de inseticidas químicos.


Bouveriz WP: aliado do canavial


            Auxiliando o produtor a enfrentar essa difícil praga dos canaviais, a Biocontrol oferece em seu portfólio o inseticida microbiológico Bouveriz WP. Formulado com o fungo entomopatogênico Beauveria bassiana IBCB 66, ferramenta sustentável indispensável no manejo integrado do bicudo-da-cana. O tratamento deve ser iniciado posterior a colheita e após constatada a presença de adultos na área, mesmo com baixo índice de tocos atacados. A aplicação deve ser realizada via corte de soqueira com jato dirigido e sobre as plantas com bico tipo leque. Nos meses chuvosos de maior pico populacional de adultos, primavera/verão para a região Centro-sul, pode ser realizada aplicação localizada via drench. O produtor deve atentar para o uso da vazão de 200L/ha, entretanto, para o corte de soqueira nos períodos secos é mais indicado o uso de volume superior para permitir maior carreamento dos conídios no sulco de aplicação.

             O Bouveriz WP se destaca pelo maior poder de ação e alta concentração (8x109 UFC/g), oferecendo ao produtor melhores resultados e com menor dose por hectare. Em estudo independente realizado pela empresa Pragas.com é possível constatar desempenho superior e maior virulência do Bouveriz WP em comparação a outro produto comercial (Figura 5 e 6), também recomendado para o controle de Sphenophorus. Quando avaliados com mesma concentração por mL de calda, o Bouveriz WP apresentou 62,5% mais mortalidade de adultos e 22 vezes mais parasitismo de insetos mortos em relação ao produto biológico concorrente. Essas informações reafirmam os resultados relatados em campo, no qual o inseticida microbiológico Bouveriz WP apresenta destaque entre os produtos biológicos no controle do bicudo da cana.


Figura 5. Eficácia do inseticida microbiológico Bouveriz WP e de um produto microbiológico concorrente no controle de adultos de Sphenophorus levis, ambos os produtos dosados para a concentração de 1x107 Unidades Formadoras de Colônia (UFC) por mL de calda. Teste laboratorial contratado à empresa Pragas.com.



Figura 6. Adultos de Sphenophorus levis mortos e parasitados após aplicação do inseticida e acaricida microbiológico Bouveriz WP da empresa Biocontrol, composto pelo fungo entomopatogênico Beauveria bassiana. Teste laboratorial contratado à empresa Pragas.com.


             Maior e mais rápido parasitismo permite elevada dispersão dos conídios do fungo no campo e maior residual do produto. A vigorosa epizootia em campo proporcionada pelo inseticida microbiológico Bouveriz WP confere alta capacidade de disseminação do produto entre indivíduos da população da praga (Figura 7), inclusive, controlando outros insetos-pragas que também incidem no canavial, devido ao espectro de ação do fungo Beauveria bassiana. Além disso, não possui período de carência, é uma ferramenta segura ao aplicador a ao ambiente, bem como a artrópodes benéficos. Portanto, é um dos pilares do manejo integrado de pragas e um método de controle indispensável no combate a seleção de populações de pragas resistentes a inseticidas químicos.

             O processo de produção do Bouveriz WP envolve etapas criteriosas, desde a preparação das matrizes, mantendo pureza e elevada virulência da cepa, até o processo de multiplicação do fungo, formulação do produto e estocagem (Figura 7). O sistema de produção da Biocontrol permite máximo desenvolvimento do agente biológico, obtendo majoritariamente conídios maduros, e o condiciona para expressar seu potencial na síntese de enzimas e outros metabólitos associadas ao processo de infecção, morte e colonização da praga, atribuindo melhor desempenho ao produto em campo (Figura 7).



Figura 7. À esquerda, colônias do Bouveriz WP (Beauveria bassiana IBCB 66) após testes de rotina de controle de qualidade e, à direita, avaliação em campo do parasitismo de adultos de Sphenophorus após aplicação do inseticida microbiológico Bouveriz WP. Fonte: Equipe Biocontrol.

Quer saber mais sobre a eficiência do Bouveriz WP no combate ao Sphenophorus levis? Entre em contato com a equipe Biocontrol.



 Referências

 ALVAREZ, R. DE C. F. & ADÃO, D. V. Agrotóxicos, pragas, qualidade tecnológica, uso de resíduo no cultivo da cana-de-açúcar. 2021. In: NAVARRETE et al. As lições para o manejo do solo canavieiro nos primeiros 20 anos de colheita mecanizada no Brasil. Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 2021.

CASTELIANI et al. Behavioral aspects of Sphenophorus levis (Coleoptera: Curculionidae), damage to sugarcane and its natural infection by Steinernema carpocapsae (Nematoda: Rhabditidae). Crop Protection, v. 137, 2020.

CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento de Cana-de-açúcar. Acompanhamento da safra brasileira de cana-de-açúcar, Brasília, DF, v.8, n.1, agosto 2021.

DEGASPARI, N.; BOTELHO, P. S. M; ALMEIDA, L. C. DE; CASTILHO, H. J. Biologia de Sphenophorus levis Vaurie, 1978 (Col.: Curculionidae), em dieta artificial e no campo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 22, n. 6, p. 553-558, 1987.

DINARDO-MIRANDA, L.L. Ocorrência de Sphenophorus levis em 2000. STAB – Açúcar, Álccol e Subprodutos, 2000, 19:26.

DINARDO-MIRANDA, L.L. Nematóides e pragas de solo em cana-de-açúcar. Campinas: Instituto Agronômico, 2005. 32 p.

DINARDO-MIRANDA, L.L. & FRACASSO, J. V. Sugarcane straw and the populations of pests and nematodes. Scientia Agricola, v. 70, n. 5, p. 305-310, 2013.

IZEPPI, TIAGO SABONGI. Distribuição espacial e dinâmica populacional de Sphenophorus levis (Coleoptera: Curculionidae) em cana-de-açúcar. 2015. 456 p. Dissertação (Mestrado em Agronomia, Entomologia Agrícola) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2015.

NAVARRETE et al. As lições para o manejo do solo canavieiro nos primeiros 20 anos de colheita mecanizada no Brasil. Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 2021. 

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